quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

MANUAL DO HOMEM SENSÍVEL
Os atos que definem os homens que gostam (mesmo) das mulheres


Por Ivan Martins


É editor-executivo de ÉPOCA Desde que esta coluna teve início, há quase um ano, tenho ouvido acusações recorrentes e bem humoradas de ser um “homem sensível”. Como eu não sei o que isso significa, saí perguntando aos amigos – homens e mulheres – e escolhi algumas respostas que achei interessantes.

Vejam vocês:

. Homem sensível é um cara que se importa com os sentimentos dos outros (resposta de homem).
. Alguém sensível (homem ou mulher) é capaz de ter boa percepção sobre o outro. Também é capaz de se colocar no lugar, sentir o que o outro está sentindo (resposta de mulher).
. Homem sensível é um homem que percebe os efeitos e as consequências de seus afetos, entendidos como a capacidade de afetar e ser afetado (resposta de homem).
. Homem sensível é o cara que “percebe” as coisas, presta atenção ao que está sendo dito ou o que está acontecendo, aquele que é capaz de se deixar emocionar com as coisas bonitas (e feias) do mundo, que se deixa afetar sem medo – e segura a bronca, né? ninguém quer um bebê chorão do lado. Não confundir com falta de masculinidade... Gostar de filmes de ação, carros, futebol e até putaria não é sinal de insensibilidade (resposta de mulher).
. Homem sensível é o que consegue entender que às vezes a mulher precisa de espaço e que, mesmo com todos os avanços, ainda reagimos diferente dos homens em várias situações. O problema é que alguns homens se auto denominam sensíveis como desculpa para serem covardes e não terem iniciativa (resposta de mulher, claro).

O que se pode concluir disso? Primeiro, que homem sensível é um elogio. Mulheres e homens veem a sensibilidade masculina como coisa positiva, como sinônimo de olhar e entender melhor o outro, como capacidade de se emocionar com o mundo e com as pessoas. A segunda conclusão é que o termo ainda sofre de indefinição. O sentimento está claro, mas os exemplos são poucos e não tipificam o comportamento do homem sensível.
Assim, seguindo uma máxima do jornalismo moderno, que diz que a gente tem de prestar serviço aos leitores, e vou tentar rascunhar, com base nas minhas ideias e nas ideias do próximo, a primeira versão do Manual do Homem Sensível. Quem não gostar, vá ao blog do Bortolotto e tome um antídoto.

As dez regras do homem sensível

1. Gostar de mulher. Não só do corpo ou da cara bonita da mulher. Gostar de mulher é ter interesse pelo jeito delas, pela conversa delas, pela vida delas que é tão diferente da nossa. O sujeito que vive cercado de homens perde metade do potencial da humanidade. Outro dia alguém me disse a frase síntese do homem insensível: “Se não tivesse b....., eu nem dava bom dia”. Homens sensíveis dão bom dia, felizes, porque gostam da presença feminina.

2. Olhar e escutar. Homens sensíveis não são obcecados por eles mesmos. Eles prestam atenção ao redor, inclusive nas mulheres. As pessoas têm coisas a dizer, não nasceram para nos servir com seus ouvidos. Suas opiniões e ideias frequentemente são interessantes. Seus sentimentos devem ser considerados. Observar o outro, ouvir o outro, tentar entender e respeitar pelo menos aqueles de quem a gente gosta (sobretudo os tímidos, que têm menos facilidade de se colocar): isso é sinal de inteligência, assim como de sensibilidade.

3. Sentir. A tradição diz que homem não chora. Isso equivale a dizer que homens não sentem ou não mostram seus sentimentos. Bobagem, né? Homens são capazes de sentimentos ternos, de piedade e de comoção. Na intimidade da relação, porém, é comum que ocorram conversas difíceis, durante as quais a mulher chora e se derrama e o sujeito fica ali, com cara de tonto, sem saber o que sentir... Isso é um aleijão masculino que precisa ser superado. Onde estão escondidos os nossos sentimentos? Um homem sensível (um ser humano completo, na verdade) não vive com apenas metade dos seus sentimentos. Vive com todos eles.

4. Dividir e ajudar. Há uma parte do mundo doméstico na qual os homens não entravam. Ele se estendia da cozinha à sala de parto. Isso vem mudando, mas nunca é demais repetir: homens sensíveis (nesse caso equivale a moderno, contemporâneo) não dividem o mundo entre tarefas masculinas e tarefas femininas, sobretudo no que diz respeito aos filhos. Entrar no mundo das tarefas das mulheres é trabalhoso, mas garante que a mulher desfrute melhor da vida e permite ao pai uma relação mais densa com seus filhos. Os casamentos legais que eu conheço se baseiam numa preocupação intensa do homem com a casa e com a prole – isto é, com a qualidade de vida e com a sanidade da mulher dele.

5. Dedicar-se. Esta talvez seja a parte mais difícil. As mulheres se dedicam aos seus amores com facilidade, os homens hesitam. Mas aqueles que traduzem seu afeto na forma de uma atenção prática e apaixonada pelo outro, têm mulheres muito mais felizes. Um homem sensível começa a se preocupar com o presente da mulher dele muito antes da semana do aniversário, por exemplo. Ele planeja uma viagem com meses de antecedência, para surpreendê-la. Ele antecipa as preocupações da casa e evita os problemas, porque pensa sobre as necessidades do outro. Quem faz assim diz que dá trabalho, mas compensa.

Bom, esse é o começo. Quem tiver mais ideias e contribuições – críticas também, claro – que se manifeste. O Manual do Homem Sensível está aberto a colaborações.

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